Questione tudo

O empresário Robert Ringer deu o seguinte conselho a uma plateia de estudantes universitários: "Questione tudo, mesmo que isso represente gerações de sabedoria convencional". Em outras palavras, não aceite automaticamente os pensamentos predominantes ou o status quo. Coloque você mesmo as coisas à prova.

Muitos que cresceram na igreja estão fazendo isso nos dias de hoje. Eles estão questionando o que aprenderam sobre Deus, a igreja e várias outras questões. Em resposta, alguns agora rejeitam o que antes consideravam verdade. Esse processo é chamado de desconstrução.

A desconstrução é destrutiva quando afasta as pessoas de Deus e da verdade de Sua palavra. No entanto, nem toda desconstrução é ruim. Jesus levou muitos a desconstruir um pouco do que acreditavam, depois os ajudou a reconstruir seus pensamentos e vidas com Seu ensinamento. Por exemplo, em Seu sermão do monte, Jesus diz "Vocês ouviram o que foi dito" seguido de "mas eu digo" pelo menos cinco vezes sobre cinco questões diferentes. Esse modelo da "desconstrução para reconstrução" aproximou muitos de Deus e lhes deu uma imagem mais precisa de quem Ele é.

Embora existam várias razões pelas quais as pessoas desconstroem sua fé, uma das mais negligenciadas é o mau ensino que receberam.

Aqui estão três exemplos de má instrução que podem levar à desconstrução:

Quando enfatizamos mais a moral do que o evangelho.

Ouvimos muito em nossas igrejas sobre como a cultura está se afastando dos padrões bíblicos, da piedade e dos valores judaico-cristãos. Palavras como "devia", "deveria" e "deve" são frequentemente usadas.

Quando falamos mais sobre moral do que sobre o evangelho, as pessoas podem ter a impressão de que o cristianismo é uma lista de leis a serem obedecidas. Isso leva ao legalismo, exatamente contra o qual Jesus e Paulo pregaram. Isso pode levar ao vazio e ao esgotamento para os cristãos, assim como levar alguns a perderem completamente o centro do evangelho.

Embora seja importante comunicar os padrões de Deus, precisamos nos lembrar de que a lei, um código moral ou mesmo os "valores judaico-cristãos" nunca salvaram ninguém.

Como Paulo afirma em Romanos 3:20-22:

“Portanto, ninguém será declarado justo diante dele baseando-se na obediência à Lei, pois é mediante a Lei que nos tornamos plenamente conscientes do pecado. Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da Lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo para todos os que creem.”

O objetivo principal não é persuadir as pessoas a adotarem nosso comportamento, mas abraçar nosso Salvador por meio da fé. Somente Ele pode nos resgatar do pecado e fornecer o poder de mudar através do Espírito Santo.

Quando enfatizamos uma lista do que "fazer" em vez de cultivar um relacionamento.

Crescendo na igreja, recebemos uma lista "do que fazer". Alguns exemplos são: trazer a Bíblia, dar o dízimo, estudar a lição, convidar pessoas, etc. Durante anos, pensei que ser um bom cristão era medido pelo quanto nesta lista você tinha feito por semana. Isso me levou ao esgotamento e à frustração, além de eu ter perdido o ponto central do evangelho. Essas coisas foram criadas para aprofundar meu relacionamento com Deus, em vez de tentar buscar Sua aprovação obtendo "estrelas douradas" em Seu mapa no céu.

Precisamos ter certeza de que não caímos em uma armadilha semelhante na igreja hoje. Muitas vezes, medimos a integridade de um membro da igreja por seu registro de presença, número de horas de voluntariado, volume de dízimo, etc. Embora não haja nada de errado com essas coisas em si, elas não substituem o aprendizado de adorar, confiar e obedecer a Deus em todos os aspectos de sua vida. Este é o objetivo do discipulado. Ensinar as pessoas a conhecerem e andarem com Deus ajuda a promover seu crescimento, muito mais do que fazê-las passar por alguns aros para serem vistas como bons cidadãos da igreja.

Um ótimo lugar para começar esse processo é por meio do evangelismo. Ao compartilhar o evangelho com alguém, busque apresentá-lo em sua forma mais pura, em vez de apresentar um conjunto de doutrinas, regras ou filosofia. Nada disso leva à salvação, só Jesus faz isso. Além disso, ao apresentar a salvação, enfatize que você está convidando alguém a confiar em uma pessoa, Jesus Cristo. Muitos confiam no fato de que fizeram uma oração, andaram por um corredor, levantaram a mão ou assinaram um cartão, mas depois se afastaram porque nunca confiaram verdadeiramente no próprio Cristo.

Quando Deturpamos a Deus.

Lembram-se de quando os amigos de Jó lhe disseram o que Deus estava pensando sobre seu sofrimento? Eles basicamente disseram: "Jó, Deus está te punindo pelo seu pecado", o que não era verdade. Então, Deus apareceu, falou por Si mesmo, e eles se arrependeram.

Às vezes, cristãos e igrejas fazem a mesma coisa. Desde tentar identificar a razão pela qual alguém está sofrendo (como a situação de Jó) até fazer pronunciamentos que não são bíblicos, podemos deturpar Deus de tal forma que isso pode contribuir para que alguém questione a sua fé mais tarde.

Em áreas nas quais a Bíblia é silenciosa e/ou não temos certeza da resposta ou razão para um determinado conjunto de circunstâncias, é melhor ouvir o conselho de Tiago e ser "rápido para ouvir e lento para falar".