A Graça de Deus

Meu falecido amigo, Jack Miller, costumava dizer que toda a Teologia Bíblica pode ser resumida em duas frases:

1. Anime-se: você é muito pior do que pensa que é.

2. Anime-se: a graça de Deus é muito maior do que você pensa que é.

Nesse comentário, Jack apontou para o que realmente é a fé Cristã. Trata-se de Deus fazer e continuar fazendo o que simplesmente não conseguimos fazer por nós mesmos.

"Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça." (1 João 1:8-9)

Martinho Lutero foi questionado certa vez sobre o que ele pensava a respeito das "obras de arrependimento" (ou seja, as obras que se originam a partir da nossa fé). Ele admitiu que isso era importante "mas por que somos tão arrogantes a ponto de pensarmos que qualquer coisa que possamos fazer seja mais eficaz do que o sangue do próprio Filho de Deus?"

Mais uma citação, essa de George Whitefield: " Antes que você possa saber que está em paz com Deus, você deve não apenas se entristecer pelos pecados da sua vida, mas também pelos pecados das suas melhores obras e desempenhos... Antes que possa estar em paz com Deus, você precisa ser liberto da sua justiça própria; esse é o último ídolo a ser arrancado do seu coração."

Qual é o Grande Problema?

A coisa mais perigosa em sua caminhada Cristã é a sua obediência, quando você sabe que está sendo obediente. A graça sempre (e quero dizer sempre mesmo) segue ladeira abaixo. A fé Cristã não é sobre o ser obediente. Isso é importante, mas não é, em sua essência, o mais importante. É disso que trata o Judaísmo e, como costumo dizer a alguns de meus alunos do seminário sobre seus sermões: “Você poderia pregar esse sermão em qualquer sinagoga em sua área..., mas Jesus teve muito trabalho para capacitá-lo para fazer mais do que isso”.

Se toda a essência da fé Cristã fosse fazer o bem, Deus teria enviado uma emenda à lei (outro livro de regras/mandamentos) e certamente não teria enviado o seu Filho. "Pois a lei foi dada através de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo" (João 1:17). Jesus disse que não veio chamar os sãos... mas sim os doentes. Ele era amigo de bebedores de vinho e pecadores... e teve muitos problemas com as pessoas religiosas que se diziam "boas".

Jesus Não Veio para nos Tornar Bons

A fé Cristã é sobre um relacionamento com Cristo que nos permite parar de olhar para os nossos próprios pés enquanto dançamos. Dançar olhando o tempo todo para os pés não é dançar... é marchar. E, francamente, muitas pessoas estão marchando. Jesus não veio para nos tornar pessoas boas; Ele veio para nos tornar Seus. A parte de nos tornarmos bons vem aos poucos, mas isso nem é o importante. O mais importante é a dança.

A obsessão por ser bom, obedecer às regras e confiar na nossa própria justiça é, na verdade, a causa de mais pecado do que qualquer outra coisa que eu conheça. É somente quando deixamos de ficar obcecados com isso e começamos a olhar para Ele que começamos a ser santos da maneira que Ele quer que sejamos ... e, mesmo que não nos tornemos santos, o mais importante é pertencermos a Ele.

O princípio é este: as únicas pessoas que melhoram são as pessoas que sabem que, mesmo se não melhorarem, Deus as amará da mesma forma. É somente a graça e o amor de Deus que O impedem de revelar a você o que você realmente é. E, na medida em que Deus permite que você veja o seu pecado, o amor dEle se torna ainda mais precioso e valioso... e, não só isso, às vezes até melhoramos.

Steve Brown é o fundador da Key Life Network, Inc. e professor da Bíblia no programa de rádio nacional Key Life.