Todos nós temos vontade de fazer coisas que sabemos que não devemos. O pecado muitas vezes parece ser muito divertido e emocionante. Como vencer a tentação sem ceder a ela?

Se o pecado não parecesse emocionante, divertido e sensual, a tentação nunca seria um problema. No entanto, frequentemente o pecado aparece para nós como uma tentação terrivelmente atraente contra a qual naturalmente temos dificuldade de lutar. Ao reconhecer e admitir essa dificuldade, que às vezes é grande, podemos eliminar o poder da tentação sobre nós.

Reconheça o Seu Inimigo

O reconhecimento do mal em pessoa (daquele que é conhecido no Cristianismo como Satanás ou diabo) é o primeiro passo para lidar com a tentação. Se você pertence a Deus, os inimigos Dele tornaram-se seus inimigos também. Reconheça que o inimigo de Deus, Satanás, também é contrário a você.

Satanás nos tenta com coisas que são contrárias a Deus: orgulho, um coração que não sabe perdoar, egoísmo, prazeres passageiros deste mundo em oposição aos duradouros e eternos, impureza... e a lista continua.

Nossa luta contra a tentação, escreve o Apóstolo Paulo, "...não é contra pessoas, mas contra os poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais". (Efésios 6:12)

Se você se sentir tentado, reconheça o seu inimigo. Deus não tenta a Seus filhos, mas Satanás frequentemente faz isso. Reconheça que você sabe como ele age e que conhece o seu jogo.

A Diferença Entre Tentação e Pecado

Tentação não é pecado. A tentação é um chamado à ação de um inimigo que espera atraí-lo para pecar. A tentação é o primeiro dominó em uma reação em cadeia que, se colocada em movimento, pode muito bem levar ao pecado. Mas esse primeiro dominó não precisa cair.

O segundo passo para lidar com a tentação é vê-la pelo que ela é: um chamado ao pecado. Satanás pode persuadir, mas não pode ordenar e Deus está sempre pronto para ajudar você a resistir.

Para que qualquer tentação tenha sucesso, ela deve encontrar uma pessoa disposta a ceder. Você não é obrigado a consentir.

Quando você for tentado a pecar, tente identificar em si mesmo a necessidade ou vulnerabilidade em que você se encontra: Você está cansado? Solitário? Frustrado? Com ciúmes? Irritado? Pergunte a si mesmo: "Do que estou me escondendo? Estou reagindo ao que? De que estou sentindo falta? O que estou exigindo?" Então pense: será que cedendo a essa tentação encontrarei algo que me ajude, encoraje aos outros e honre a Deus?

Não assuma que o pecado é o resultado inevitável de qualquer tentação. Examine o seu coração e procure identificar qualquer vulnerabilidade à qual você possa estar sujeito, fazendo assim com que você caia numa armadilha. Imagine a tentação como sendo a mão estendida de um inimigo que o levaria para o pecado e então se recuse a aceitá-la.

Fale com Deus

O segredo alimenta a tentação. Quando você for tentado, fale com Deus honestamente sobre a sua luta. Não adianta fingir que não está sendo tentado ou negar a atração pelo pecado.

Ao invés disso, diga a Deus a verdade sobre o que está acontecendo. Não é necessário se utilizar de palavras especiais e bonitas. Você pode dizer algo simples como: "Deus, me sinto tentado a atacar meu amigo. Quero magoá-lo porque me sinto desrespeitado e deixado de lado. Eu sei o que dizer, e como feri-lo profundamente. Ajuda-me a resistir. Dá-me palavras de cura ou a capacidade de refrear a minha língua”.

Paulo nos assegura em 1 Coríntios que "...Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar" (1 Coríntios 10:13). Deus promete um meio de escapar de toda a tentação. Peça a Ele para mostrar-lhe esse caminho.

Fale com Outras Pessoas

Depois de falar com Deus, considere compartilhar a sua tentação com um(a) amigo(a) de confiança ou um conselheiro espiritual que irá orar por você e ajudá-lo a se responsabilizar por suas ações.

Não complique as coisas. Mantenha a simplicidade. Ao invés de uma longa racionalização sobre por que você quer fazer algo que sabe que está errado, ou como pode até parecer razoável para os padrões do mundo, seja direto: "Quero mentir para sair dessa situação ao invés de dizer a verdade". Ou: "Tenho flertado com um(a) colega de trabalho casado(a) e estou tentado a levar isso adiante".

Peça à pessoa com quem você está compartilhando que ore por você e pela situação que você está vivendo. Encontre-se com essa pessoa regularmente para compartilhar sobre como você lidou com a tentação que acabou de descrever.

Antecipe os Riscos e Planeje

Empresas e instituições frequentemente fazem um planejamento sobre eventos perigosos que podem apresentar riscos. Os efeitos prováveis de tais cenários são "antecipados" e planos de emergência são colocados em prática para orientar a resposta de todos, caso esses eventos venham a acontecer. Os líderes perguntam: "O que aconteceria se... de que forma deveríamos responder?"

Você pode usar essa mesma abordagem ao lidar com a tentação. Tiago escreve sobre os riscos da tentação: "Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte". (Tiago 1:15)

Anteveja as consequências de dizer sim a uma tentação. Pergunte: "O que aconteceria se eu mentisse ao me candidatar para um determinado emprego e fosse descoberto?" Ou: "O que aconteceria se eu fosse infiel ao meu cônjuge e minha família sofresse as consequências em função disso?"

Quando você antecipa as consequências de se render à tentação, você consegue enxergar que o preço do pecado é sempre muito alto. Alguém ou algo sempre sofre. Ao invés de bolar um plano para esconder o pecado ou lidar com suas consequências após o fato, planeje maneiras de combater a tentação em si.

Combata Fogo Com Fogo

O autor Mark Galli escreveu: "Todos os pecados são, em certo sentido, uma tentativa de preencher um desejo genuíno e justo, mas de uma maneira que é inadequada". Ao invés de negar a atração pelo pecado, podemos afirmar a bondade de Deus e confessar o nosso desejo pelos bons dons que somente Ele pode nos dar.

Quando Jesus, o Filho de Deus, foi tentado por Satanás, ele confiou nas próprias palavras de Deus para obter força. Repetidas vezes, Ele respondeu aos convites de Satanás para pecar dizendo: "Está escrito..." e, em seguida, citando as promessas ou mandamentos de Deus.

Da mesma forma, podemos "pregar o evangelho" a nós mesmos confessando as nossas fraquezas e reivindicando o poder de Cristo. "O evangelho", escreveu o pastor e escritor Tim Keller, "diz que os humildes serão exaltados e que os orgulhosos humilhados. O evangelho diz que as pessoas que sabem que não são melhores, mais abertas e que não tem mais moral do que ninguém, são exaltadas, e que as pessoas que pensam que são demais, se encontram mais em perigo”.

Podemos nos lembrar de que em Jesus Cristo somos novas criaturas, que "as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez novo!" Podemos dar graças por Cristo ter morrido por nossos pecados para que não nos tornássemos escravos deles.

Quando a tentação do pecado voltar, e isso acontecerá, podemos enfrentá-la com a confiança de que já recebemos tudo o que precisamos para resistir ao inimigo. E, mais importante, podemos celebrar o fato de que a verdadeira alegria reside na presença de Deus e nos prazeres eternos que Ele nos oferece.