Será que eu e minha família iríamos encontrar sonhos ou pesadelos nos EUA? O oftalmologista direcionou uma luz brilhante para meus olhos e disse para meus pais e para mim: "Ela herdou este problema. Vocês precisam se preparar, pois não existe cura”.

Ele recostou-se em sua cadeira e disse: "Não existe tratamento e nem cirurgia. Ela tem apenas 13 anos, não vai notar nenhum efeito até chegar aos 60 ou mais".

Ele estava errado.

Assim que completei 30 anos e meu pai 55, aos poucos, a doença da retina foi fazendo com que nossa visão diminuísse.

Em questão de 18 meses, nossa visão se fechou completamente, deixando-nos na escuridão sem vestígios de sombras e cores... só um cinza escuro e mais nada.

Meu mundo desmoronou, parando minha vida, me cobrindo de medo e destruindo os sonhos para meu futuro como mãe de meus filhos de 3, 5 e 7 anos. E a incerteza do amanhã fazia com que eu me revirasse na cama à noite.

Como eu, talvez muitos estejam nesse mesmo leito de desânimo. Sem aviso, tudo mudou. Ficamos atordoados e cegos para aquilo que o amanhã trará. Perguntamos repetidas vezes como iremos pagar as nossas contas? Será que essa pandemia vai terminar? Nos perguntamos se algum dia voltaremos a exibir um sorriso no rosto ao invés de usar uma máscara de melancolia.

Nós iremos e conseguiremos. Aprendi com meu pai terreno como seguir em frente, remover obstáculos e vencer o medo usando a bengala branca da coragem.

A Lição

A lição começou algumas décadas antes da cegueira do meu pai. Ainda vivíamos na Bolívia, nossa terra natal.

Sentamos à mesa em nossa pequena cozinha escura que tinha uma janela com vista para a Cordilheira dos Andes. Meu tio se inclinou para o meu pai e disse: "Você deve estar louco em querer ir para os Estados Unidos. Você não conhece ninguém lá e nem fala inglês".

Ele estava certo. Mas, embora meu pai não falasse inglês, ele falava a língua da fé e da persistência. Ele deixou La Paz com uma mala velha, grande o suficiente para algumas de suas roupas de segunda mão. E, com os documentos de imigração dos EUA em mãos, entrou no aeroporto de Miami.

Mas ele não percebeu que também estava entrando em uma vida cheia de dias e meses de dificuldades, sendo ridicularizado por causa de sua incapacidade de falar a língua, sofrendo muita humilhação e solidão.

Mas ele seguiu em frente. Ele trabalhava noite e dia fazendo trabalhos manuais e conseguiu economizar dinheiro suficiente para comprar passagens aéreas para minha mãe, meu irmão mais novo, de 11 anos e para mim, 12 anos. Em 1964, chegamos à terra da oportunidade, onde os sonhos se tornam realidade. E enquanto esvaziamos as nossas malas, enchemos nossos corações de gratidão pelo privilégio de viver nos EUA.

Depois de várias décadas, meu pai está agora no céu, com plena visão e com uma alegria sem fim. E hoje, com a minha própria alegria, eu celebro a vida dele.

Todos podemos fazer o mesmo.

Com ousadia, podemos celebrar a Deus, o Pai celestial que ensina o que a fé, a coragem e a confiança podem fazer. Ele concede a Sua palavra para a vitória e, até em meio a uma pandemia, Ele dá essas quatro promessas.

Em situações de trevas, Deus, como um bom pai, provê a promessa de que Ele será uma lâmpada para nossos pés e a luz para nosso caminho (Salmo 119:105).

Mesmo quando a economia falha, não deixamos de trazer nossas primícias para Ele. Ele prometeu encher nossas cestas até que elas transbordem (Malaquias 3:10).

Quando o medo nos ataca, Ele mostra o caminho para vencê-lo (Salmo 27:1-3).

E quando os problemas se acumulam, Ele nos assegura que Ele venceu tudo para que a vitória seja nossa (João 16:33).

Em tempos difíceis, viver com alegria é uma atitude ousada, mas possível em todos os aspectos. Embora não possamos superar as circunstâncias, temos vitória para o que se passa dentro de nós. Não nos concentramos no problema; ao invés disso, olhamos para as possibilidades. Não habitamos no negativo, porém mergulhamos na pura esperança de Deus.

Podemos fazer isso porque, mesmo quando somos cegados pelas adversidades dolorosas, ainda podemos voltar os nossos olhos para as Suas promessas que valem a pena ser lembradas, abraçadas e celebradas.

Usado com permissão de Janet Perez Eckles pela Global Media Outreach. Apesar de sua cegueira física, Janet Perez Eckles serve ao Senhor como palestrante e autora internacional. Ela transmite inspiração em www.janetperezeckles.com.